Me levam meus próprios passos (...)"
É com este excerto do poema: "Cântico Negro", de José Régio que principiamos este blog, precisamente no dia em que se celebram os 26 anos da Amnistia Internacional em Portugal. A inércia intelectual dos bloggers fundadores levou a que o primeiro post, só agora fosse publicado. O primeiro post devia ser curto, descrever o património genético da obra, quem escreve, do que escreve e porquê, mas eu hoje não vou por aí. Devia não ter assunto, ser inespecifico, insípido, mas também não vou por aí. Vou por onde me leva a falta de inspiração do momento e a pressão de acabar isto antes das 12 badaladas, pois amanhã não terá o mesmo sentido.
"(...) Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos... (...)"
No dia 28 de Maio 1961, dois estudantes lisboetas decidiram largar o trilho marcado e seguir pelos seus próprios passos. Brindaram ao amor do abismo da época, a liberdade. Imediatamente capturados, passaram os sete anos seguintes encarcerados sem direito a julgamento. Em Portugal, foi apenas mais um dia rotineiro do regime salazarista, comum, normal, até monótono. Peter Benenson, um advogado inglês, ficou chocado quando tragou o conhecimento deste acontecimento. Ainda abazurdido, escreveu e divulgou um texto intitulado: "The Forgotten Prisioners" (Os prisioneiros esquecidos). A resposta dos que o leram foi de tamanha magnitude, que o encorajaram a fundar um comité de defesa da liberdade de consciência e direitos humanos dos presidiários. Em pouco tempo cresceu, tornando-se num movimento à escala global, intitulado Amnistia Internacional.
A minha ignorância sobre este assunto só se esfumou quando vi o novo videoclip dos Nickelback - If Everyone Cared. Onde apresentam, entre outros, este momento histórico do século XX.
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