31 de julho de 2009

FNAC para todos

Quem visita regularmente a FNAC sabe os poderes que aquele espaço tem. Acesso imediato mas sem pressas a um universo de prazeres vasto e diverso. Conto-vos que por vezes me refugio naquele vale de estantes e num qualquer assento sem apoio lombar e lixo as minhas cruzes inclinado sobre um qualquer romance, biografia ou um daqueles belos calhamaços da TASHEN que sei que não vou/posso comprar. (se bem que aquela retrospectiva do Kubrick com direito a rascunhos e tudo, me tente, agora que me lembro).

Não pensava era que aquilo que para mim serve de escape possa ser a rotina de quem não tem mais nada.
Descrita neste post interessantíssimo, o dia-a-dia de alguns sem-abrigo que descobriram a FNAC como alternativa ao passeio da rua do Carmo.

Confesso achar um certo romantismo nesta história.
E também uma feliz ironia, pois repare-se como um simbolo do consumismo e do mercado livre acaba por ser um poderoso meio de solidariedade.

30 de julho de 2009

Olá campistas,

encontrámo-nos este ano outra vez.

Além de ir a banhos e pôr ao sol, que tal 500g disto para um bom Agosto de férias.

TV:
  • Mad Men (Rtp2)
  • 30 Rock (Rtp2)
  • The Office (Tvi)

Cinema:
A estrear:
  • Two Lovers
  • Public Enemies
  • Up

DVD recente:
  • Revolutionary Road
  • A Outra Margem
  • Paris, je t'aime

DVD clássico:
  • 12 Angry Man
  • Sweet Smeel of Success
  • Roman Holiday

Música:
Ao vivo:
  • Leonard Cohen. Lisboa, 30 de Julho.
  • Seal. Cascais, 31 de Julho.
  • Joss Stone. Cantanhede, 1 de Agosto.

Em casa:
  • Anthony and the Johnsons - The Crying Light
  • Rodrigo Leão & Cinema Ensemble - Mãe
  • Charlie Parker - Parker's Mood
Ler:
  • Richard Yates - Revolutionary Road
  • Valter Hugo Mãe - O remorso de baltazar serapião
  • Cormac McCarthy - The Road
Comer q.b.
Dormir q.b.
Preocupações 0g.
Agitar com companhia
e servir numa praia perto de si.

20 de julho de 2009

Faz hoje 40 anos...


- Existem diversas fotos com sombras em várias direcções, sendo que a única fonte de luz seria o Sol e todas as sombras deveriam ser paralelas.
- Fotos com diferentes tamanhos da Terra, vista da Lua, evidenciando montagens desproporcionais.
- Existem milhares de fotos com penumbra, sendo que seria impossível haver penumbra na Lua devido à ausência da atmosfera.
- Faltam as estrelas no fundo de todas as fotos. Com a ausência da atmosfera, as estrelas seriam ainda mais reluzentes.
- Nas fotos e vídeos, a bandeira dos EUA fica a esvoaçar ao sabor do vento. Porém, não existe vento na Lua simplesmente porque na Lua não há atmosfera.
- Em centenas de fotos, há pegadas dos astronautas na Lua. Mas, seria difícil haver formação de pegadas devido à falta de humidade e de gravidade.
- Numa das fotos, há indício de alguém ter colocado debaixo de um dos pés do Módulo Lunar um montinho de terra para que este pé não ficasse no ar.
- Pelo que se vê nas fotos, não houve pouso do Módulo Lunar. Ele teria sido colocado delicadamente naquele local. Não há marcas no solo do propulsor da nave.
- No mesmo lugar onde o pé do astronauta cria uma profunda pegada na superfície lunar, o pé do módulo lunar se mostra muito delicado na superfície da Lua, sem causar qualquer estrago.
- Pelo tamanho do Módulo Lunar, dificilmente existiria nele combustível suficiente para o colocar em órbita novamente.
- Não existem, até hoje, filmes fotográficos que resistam à enorme variação de temperatura que ocorre na Lua.
- Em 1969, os astronautas conversavam, da Lua, com a NASA, na Terra, em tempo real. Esta tecnologia não existe até hoje.
- A radiação solar incidente na Lua, sem atmosfera, é mortal para qualquer ser humano.
- Dificilmente existiriam roupas espaciais, na época, que resistissem às enormes variações de temperaturas da Lua (-153ºC a +107ºC).
- Dificilmente existiriam roupas espaciais, na época, que resistissem à ausência da pressão atmosférica na Lua.
- Extrema semelhança do ambiente das fotos mostradas pela NASA com o Deserto de Nevada, nos Estados Unidos.
- Indício de Stanley Kubrick dentro da NASA, que poderia ter auxiliado na criação dos efeitos especiais utilizados na fraude.
- Oficialmente, a NASA só teria realizado seis missões tripuladas à Lua, de 1969 a 1972, exatamente durante a gestão do presidente Richard Nixon. Após isso, nunca mais o homem teria voltado à Lua.
- Richard Nixon, envolvido em falcatruas que mancharam a imagem dos Estados Unidos, foi o principal articulador do escandaloso Caso Watergate, o qual culminou em sua renúncia durante o primeiro processo de impeachment estadunidense.
- Indício de manipulação na foto do "Jogo dos 7 Erros" mostra várias cruzes distorcidas, mas tais cruzes não poderiam estar distorcidas nem mesmo por lentes objetivas, que ficam do lado externo da câmara, já que essas cruzes fazem parte de um recurso interno da câmera.
- Mesmo tendo noção de que tinha posse de tal material, a NASA nunca exibiu as imagens do primeiro pouso do homem na Lua que teriam sido gravadas em fitas de vídeo e retornado à Terra com qualidade infinitamente superior às transmitidas "ao vivo".
- Em 2006, a NASA afirma ter perdido os vídeos originais do primeiro pouso na Lua, que teriam qualidade bem superior aos exibidos a todos até hoje.
- Em 2009, a NASA declara que, para economizar dinheiro, e sem ter cópias das fitas originais, gravou intencionalmente outras imagens e dados de satélites em cima das fitas originais que continham o facto histórico mais importante da NASA em todos os tempos.
- Richard Nafzger, engenheiro da NASA, afirma que o objectivo maior do governo dos Estados Unidos em relação à ida do homem à Lua era para efeito de marketing.


O que tenho a dizer em relação a isto tudo? Parabéns ao ser humano por ter chegado à Lua, e esta data ainda continua a fazer-nos sonhar, a cada dia que passa inspira-nos a realizar utopias. Não interessa quando foi, e se foi.

Obrigado por tudo, Armstrong, Collins e Aldrin.

"I believe that this nation should commit itself to achieving the goal, before this decade is out, of landing a man on the Moon and returning him safely to the Earth." - JFK

"That's one small step for men, one giant leap for mankind" - Neil Armstrong


17 de julho de 2009

17 de Julho de 1959

Billie Holiday (1915-1959)

Morreu hoje Lady Day, rainha do jazz. Mergulhada em heroína, encontrámos-la num bastidor com cheiro a sovaco dum qualquer club da baixa Nova-Iorquina.
Lembrou-nos por escrito "Lady Sings The Blues (1956)" as suas nódoas mais negras e cortes mais profundos: violação em menor, prostituição em adolescente, alguns romances com a máfia e muitos com a droga.


Perpetuar-se-á como a voz do Jazz. Representava um Jazz metafísico, não eram apenas as suas roucas cordas vocais que ressoavam em quem a ouvia. Billie Holiday exudava a sua alma pelos poros do Jazz e abaixo da 14th Street ninguém ouvirá igual.
Daqui a 50 anos, em sua memória, além dum post ranhoso num blogue desconhecido, alguém abrirá uma rubrica de rádio assim:

Boa Noite.
Chamava-se Billie.
Foi a Maior.


Luther Vandross (1951-2005)


Este mês ( no passado dia 1) celebrou-se o 4º aniversário da morte de Luther Vandross.


Dispensa apresentações: 8 Grammys, e um vozeirão daqueles... Depois de fazer back vocals de grandes cantores como Streisand, Bowie, Ross, Flack, lá acharam que o rapaz até merecia uma oportunidade para cantar a solo.

Hum...de certeza??


Sempre que me lembro do seu nome, recordo imediatamente "Dance with my Father", e relembro a actuação dele juntamente com o amigo Stevie Wonder, a sua diva Dionne Warwick e a "chicken legs" Whitney Houston a cantar "That's What Friends Are For". Que falta faz à música.


Memorável. Arrepiante. Invejo ferverosamente cada uma das pessoas daquela assistência.



15 de julho de 2009

Insignificância...

(Assim termina finalmente a minha trilogia: Formigas, Angústias e Insignificância, que já tinha escrito antes de existirem os Abazurdidos)


Toda a gente pensa em jovem que poderá dar o seu contributo à humanidade, ou com o cargo que sonha ocupar, ou com qualquer revolução nos campos das ciências, ou até mesmo na descoberta da cura de certas doenças…

É natural quando somos pequenos querermos ter na nossa vida adulta uma profissão bastante altruísta… ou bombeiro, para salvar as pessoas, ou médico ou enfermeiro, para as curar, ou mesmo até queremos ser algo tipo veterinários, porque gostamos muito de animais, e não entendemos como é que existem pessoas que abandonam os seus próprios animais de estimação…ficamos chocados…


Sempre pensei assim…agora já não.


Algum tempo depois começamos a pensar mais em nós. Penso que se enquadra naturalmente na mentalidade sequiosa do ser humano… Ou pensamos que poderemos ser conhecidos e famosos, ou então que com a nossa profissão nos poderemos tornar pessoas ricas ou importantes nos negócios, por hipótese continua nos nossos planos a profissão de médico ou engenheiro, mas pelas razões menos altruístas… enfim, começamos a ser engolidos pelo mundo capitalista, algo perfeitamente normal, pois sem dinheiro, insurjam-se os poetas e os românticos, não é possível ser completamente feliz no nosso mundo…


Também já pensei assim…agora já não.


Decerto já todos pensámos assim…É triste testemunhar que estes pensamentos comuns nos levam à normalização, ou seja a sermos apenas mais um entre milhões…todos nós queremos ser algo de especial na vida, e acabamos por nos confundir no grupo imenso das pessoas que querem ser especiais na vida… é paradoxal…tornamo-nos comuns mortais…

Sim, é isso, a ideia de sermos mortais, de pensar que podemos deixar o mundo sem uma única contribuição em prol deste é algo sufocante para muitos…que fazer? Desesperar?

Preocuparmo-nos com?

Com o passar do tempo vão-se perdendo oportunidades, chances, esfumando sonhos de uma vida, tornando-nos pouco realizados, pouco enfáticos em relação à vida… tornamo-nos ainda mais cinzentos, normalizados…que raio…é incontornável?


Era algo frequentemente abordado nos meus pensamentos… agora já não.


Há que seguir o impensável por mim, mas que se tornará a inevitável e derradeira saída para o mundo em que vivemos hoje em dia… Há que ter em conta que devemos viver o momento… seguir a tão apelidada por mim: a psicologia da treta…

Como todos sempre pensei nisso como algo muito bonito, mas quase inconjecturável… pensar que devemos viver o momento quando temos uma frequência daqui a uma semana, quando temos contas para pagar, etc.…

Que poderei dizer? Que já quis ser médico e veterinário e ajudar pessoas e animais, que depois me interessou o ramo da justiça, mas cedo se desvaneceu, que optei pelo ramo das novas ciências e tecnologias, o que me poderá facultar bons vencimentos, que poderei um dia ingressar na política mas apenas para ganhar mais algum, como os outros todos que lá estão, que vou ter uma frequência para a semana e ainda não estudei niente?


Claro que já pensei nisto tudo…mas agora não.

Agora não me chateiem… tou a ouvir o último dos Metallica

13 de julho de 2009

Optimus Alive!09 - dia 11 - Dave Matthews Band



Tinha de ser.

Portugal já precisava deles outra vez. Portugal gosta de boa música! Surpreendidos, "artistas" portugueses? Pois é...


Trinta e tal mil pessoas ali, quietas, com as costas a doer, de tantas horas em pé, à espera. E um sacana de um norte-americano a tossir ao meu lado. "Dude!!Pegas-me a p* da gripe e eu f*-te os cornos"


A 5 metros do palco, depois de me apaixonar pelas pernas et al da Fergie, esperando ansiosamente que a pitalhada à minha volta se sumisse dali depressa. Mas poucos saíram de lá. Fiquei apenas a 3, 4 metros do palco, não consegui avançar mais.


Dave Matthews não precisa de apresentações em Portugal. É um músico profissionalíssimo que leva muito a sério tudo o que faz e isso transpira para fora, tal como a sua banda. E para além do mais é bastante afável para com os fãs.

"It's an honor to play in the same stage Black Eyed Peas played." E muita gente aplaudiu. " It's an honor to play in the same stage Chris Cornell played" E toda a gente aplaudiu. "Thanks y'all for stickin' around for us" E toda a gente se riu.


Alinhamento característico da apresentação do novo álbum, com a típica estrutura mix, que envolve alguns clássicos e algumas estreias. Podiam tocar o que quisessem, até Led Zeppelin ou Bob Dylan, que ninguem arredava pé. Esperem lá, eles tocaram mesmo LZ e BD, no 2º (sim, segundo!!) encore.


A minha espectativa antes do concerto é que seria extasiante se eles tocassem uma destas: Everyday, When the World Ends, Gravedigger. Mas não tocaram. E já estava à espera pois já previa um alinhamento semelhante ao concerto do mês passado no Beacon Theater, em NY. E fiquei realizado na mesma.


Classicos como Ants Marching, #41, Two Step, Don't Drink the Water,You Might Dye Trying, Tripping Billies, e músicas novas como: Funny the Way it is, Aligator Pie, Spaceman fizeram as minhas delicias e as dos outros fãs, que completamente em delírio correspondiam ora com palmas ritmadas, a puxar pelo Carter Beauford(pra mim um dos melhores bateristas do mundo) ou pelo LeRoi (saxofonista da banda falecido recentemente). Notava-se que a banda se sentia tocada pelo acolhimento. Frases como "É bom estar de volta" e "Obrigado Lisboa" eram repetidas constantemente por Dave Matthews.


Momentos altos? Todos. O pico de êxtase surgiu em dois momentos: no momento da semi-ensaiada tirada da dupla Beauford-Coffin, no despique bateria-saxofone, e na "Two Step". Nesses 15 minutos da música, o público puxou pelos músicos durante 2, 3 min com sucessivos (ohhh oh eh ohh) só com a bateria e baixo como pano de fundo. Fenomenal.


Fica um primeiro encore com o sentido "carpe diem", nas palavras de Mário Rui Vieira, com as quais não podia concordar mais, com You Might Die Trying e Tripping Billies e um segundo encore com uma mistura da Stairway to Heaven com a All Along the Watchtower (parecia-me mesmo a Gravedigger, os acordes são os mesmos, ia-me passando!). Pena eles ainda não saberem português suficiente para saberem o que significa "E salta Dave, e salta Dave, olé, olé!!".


Nota: Carter Beauford distribuiu, à vontade, 40 baquetas pelo público. É um ritual antigo, que ele faz no final de cada concerto. Mas 40? Nunca visto. E eu que não fiquei com nenhuma, sniff! Fica P'ra próxima!

Optimus Alive!09 - dia 11 - Chris Cornell




Chris Cornell. Uma lenda viva.


Mal entra em palco e cativa-nos com o seu olhar maníaco, de bicho de palco, de quem adora música à sua maneira.


Fui ao alive!

Li na blitz que ele tinha feito um album com o Timbaland, e mal li isso fiquei tal e qual como se me acabassem de esfaquear o estômago. Não pode ser!


Então esse gigante que foi lançado com os Temple of God (a superbanda constituída por elementos dos posteriores Soundgarden e Pearl Jam)com o Vedder , que alcançou uma legião de fãs fanáticos com os Soundgarden, que foi cantar com os restantes membros dos RATM, e formaram os enormes Audioslave, acabara de trabalhar com o TIMBALAND???? Mas onde é que isto cabe na cabeça a alguém???


Pois é, mas algo me dizia que ele no dia 11 de Julho em Algés não estaria muito virado pra r&b. E não estava. Despachou algumas músicas do novo album em formato rock, o que as tornou bantante mais mastigáveis para a plateia. Não estava à espera que ele metesse a "Hunger Strike" no alinhamento, o que foi uma surpresa formidável, cantou o primeiro refrão da "Black Hole Sun" no preciso momento em que o sol desaparecia no firmamento por detrás do palco, cantou versões prolongadas da" Outshine" e da "Spoonman" que cativaram alguns dos fãs mais acérrimos. Mas a plateia estava um bocado fria para o meu lado. Um bocado espectantes, desconfiados. Infelizmente.


A banda parece uma banda de Guitar Hero. Ou seja, no guitar hero temos uma banda, onde somos guitarristas e tocamos covers de outras bandas, mas o nosso vocalista canta de maneira exactamente igual ao vocalista original (lol). Ali assisti à mesma cena: temos uma banda diferente que toca as músicas de outras bandas (muito bem) e cujo vocalista canta igual ao vocalista original. Se calhar faltam os cabelos mais compridos, ou mais curtos, não sei. Mas a voz é espectacular na mesma.


Muita gente fez cara feia e foi bastante contundente a mandar abaixo o Cornell nos últimos tempos. Eu, como fã, acho que ele está tão desapontado como eu com os resultados do seu recente projecto. Mas tentou, e bem, mostrar aos fãs que a música ainda está dentro dele, e como tal lançou-se às feras. Merece um mínimo de respeito por isso.


Nota geral: Gostei do concerto. "Thank You!!!" Nunca o tinha visto ao vivo, infelizmente, e como tal fiquei extasiado.

Por mim estás perdoado, mas que não voltes a fazer outra destas oh Chris! TIMBALAND?? Porra, pah...


9 de julho de 2009

"Os Filmes" #2.2


"Then you've seen me, I come and stand at every door
Then you've seen me, I always leave with less than I had before
Then you've seen me, bet I can make you smile when the blood, it hits the floor
Tell me, friend, can you ask for anything more?
Tell me can you ask for anything more?"


Frank Langella, ao longo de toda a rodagem do filme "Frost/Nixon" e como preparação para o papel de Nixon, viveu dentro de um fato e pose presidencial. Tanto em cena como fora de cena, toda a gente o tratava por "Mr. President". O actor admitia que apreciava jogar às cartas e um ambiente de convivência nos 'sets' mas considerando que isso comprometeria a sua interpretação, resguardava-se de tais momentos sociais. Por oposição, sentia-se mesmo uma atmosfera de contronto e intriga entre os actores e equipas técnicas afectas a cada lado (Frost vs Nixon). O actor chega mesmo a dizer que praticamente ninguem que tenha participado no filme chegou mesmo a conhecer Frank Langella, o próprio.

Para Mickey Rourke interpretar Randy 'The Ram' em "The Wrestler", teve de viver os seus últimos 20 anos.


Perguntarmo-nos: isso tira valor ao seu papel?
Desrespeitando as regras de discurso, respondo como nova pergunta: É possivel imaginar 'The Wrestler" sem Mickey Rourke? Eu não consigo.
O facto de o seu percurso pessoal ser colinear com o do personagem que interpreta, intensifica a construção do ser fictício e acelera a sua identificação. É verdade que ao longo do filme não sabemos se é 'The Ram' que se atira ou se é Rourke que cai, se o discurso nas cenas finais é do argumento original ou foi um desabafar do actor.
Mas em todos os papéis é a entrega do actor que embute vida no personagem.

Neste filme, Mickey Rourke entrega a sua vida a Randy 'The Ram'.
Toma, este é o meu corpo, o meu sangue, a minha alma, desde os meus sucessos às minhas profundas desgraças, aqui me tens. E seguindo Randy através da lente confidente de Aronofsky, também nós (espectadores) entramos naqueles balneários do Wrestling, também nós percorremos os corredores do supermercado e tudo o que ganhámos deixamos nas ligas de nylon da Cassidy. Algures no meio de tudo isto encontramos o nosso (anti-)herói e aquilo que dele ficou para trás. É este insuperável altruísmo que magnifica o seu papel e torna a sua interpretação igualmente insuperável.