9 de dezembro de 2009

No ano de 2009

Ao longo deste e do próximo mês recordarei o melhor do que vi nos cinemas em 2009.
À parte deste ciclo de memórias estão "The Wrestler " e "Gran Torino" dos quais já falei aqui. (#1, #2.1, #2.2)

Revolutionary Road, de Sam Mendes

Da sua experiência e vocação de encenador inglês, Sam Mendes importa para a película uma linguagem teatral que complementa uma construção cénica típica de sala, não por acaso as cenas de maior impacto ocorrem em ambientes interiores com poucas distracções de fundo, onde o próprio cenário é o iniciador do drama. Lembro-me sobretudo do primeiro encontro dos Wheeler (Kate Winslet e Leonardo DiCaprio) com o filho dos Givings (Michael Shannon), onde a aparente banal posição dos personagens na sala assume relevância na descrição dos mesmos e do seu modo de vida, tudo isto numa casa cujo conforto sufoca. E é nesta atmosfera de xadrez emocional furado por uns tête-à-tête prostradores que brilham como nunca DiCaprio, Shannon e sobretudo Kate Winslet.


Plenty of people are onto the emptiness, but it takes real guts to see the hopelessness.

Se as adaptações cinematográficas de obras literárias são sempre de apreciação muito sensível, pela tentação de se compararem, mais difíceis se tornam quando o seu objecto é uma incontornável descrição da sociedade americana do pós-guerra. Sendo preciso na transcrição dos parágrafos de Richard Yates, este filme ganha autenticidade ao esculpir picos de explosões sentimentais de uma história original mais constante e fria.

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