12 de novembro de 2009

Lar doce lar

Lar doce lar,
"- Oh, that's a cliché.
- You're right (...) Sometimes a cliché is finally the best way to make one's point"

Woody Allen regresa a casa, volta à sua cidade, Nova Iorque, e ao seu género, o filme à Woody Allen. Sente-se o conforto desta familiaridade revisitada nos passeios de Manhattan e nas esplanadas de café que os ocupam, chega-nos o cheiro a peixe dos mercados de Chinatown e aconchega-nos um intimismo que só um apertado apartamento duma cidade de milhões pode oferecer. Lá dentro convivemos com Boris Yellnikoff e Melody St. Ann, um snob cientista fora da validade e uma primaveril Mississipiana com um intelecto para preencher. Sobre este díptico quasi-assexuado pinta Woody o seu humor neurótico, com a mesma textura de sempre, mas no tom mais grave de Larry David, que se canta e recanta os parabéns cada vez que lava as mãos.


Tal como num regresso a casa de uma grande viagem, nos primeiros dias gozamos o desvanecer das nossas saudades até depois o tédio nos obrigar a sair e voltar a apanhar a chuva que vemos cair lá fora. Talvez para prevenir um ataque de panico existencialista a horas pornográficas, Woody Allen ficou-se pela primeira parte.

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