23 de setembro de 2009

O maior dos quatrocentos golpes ou, No ano de 1959 #1


Bem, depois da fantástica pancada do Federer no post anterior, tinha de elevar a fasquia. Em qualidade seria discutível, ... talvez não, em quantidade só falando n "Os Quatrocentos Golpes" de François Truffaut.

Há aquele popular aforismo "Quem não sabe fazer, ensina", muitas vezes citada para desvalorizar o conhecimento instruído/científico em oposto ao empirismo. E há aqueles que observam, estudam, pensam, propõem novos paradigmas e depois criam obras que aqueles que dizem "Quem não sabe fazer, ensina" copiarão até que um novo intelecto agitador faça «tilt» às convenções instaladas.


Truffaut foi crítico de cinema antes de realizar e terá sido esse distanciamento supervisionado que lhe permitiu, nas minhas palavras, mandar uma enorme pedrada no charco. Outros chamaram-lhe a Nouvelle Vague.
Com "Les Quatre Cents Coups" uma nova forma de filmar irrompe. Aquilo que era artifício fica de fora, a encenação é secundarizada, enquanto que a estória, os personagens e aquilo que lhes é intrínseco é magnificado, nada mais. O que distrai não interessa, o que nos aproxima é explorado.



É assim que Truffaut nos mostra (com marcas autobiográficas) Antoine Doinel e os que os rodeiam. Colegas, professores, pais, o seu amigo Rémy e Paris, aquela Paris donde não se vê a torre Eiffel, e a qual Antoine e Rémy preferem ao pátio da escola ou aos seus ninhos familiares. Tudo é conexo, desde o caixote do lixo ao canal da mancha e tudo nos guia àquele solitário mas libertador plano final, um dos momentos mais autênticos que vi em cinema.


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